segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Enredo sobre Galileu Galilei



Desta vez pensei em algo diferente, este texto foi usado em uma peça de teatro em 2008 na aula de Física, já era hora de joga-lo pela rede, são basicamente 5 personagens e o texto tem um caráter de divulgação científica com o objetivo de atingir todos os públicos.
Em 2009 foi o Ano Internacional da Astronomia, onde se comemorou o 400ª aniversário das primeiras observações astronômicas de Galileu com um telescópio, e mesmo estando nós praticamente em 2011 fiz um pequeno enredo deste intrigante homem da Ciência.






Eppur Si Muove


Beatriz Rocha


(Introdução) Para começar a falar da história da Física e os seus seguidores, talvez é preciso um prévio comentário sobre duas figuras que deram os primeiros passos da Mecânica Clássica, Aristóteles e Copérnico 340 anos A.C. Aristóteles dizia que a Terra era o centro do cosmo e imóvel, este cosmo era dividido em duas partes, no centro de tudo estava a Terra e em seguida a primeira órbita- a órbita da Lua, que divida o cosmo em duas partes. Acima da lua vinha Mercúrio, Vênus, o Sol, Marte, Júpiter, Saturno e finalmente a órbita das estrelas. Segundo Aristóteles, a Lua, os planetas e as estrelas teriam sido feitas de uma substância misteriosa, chamada Éter ou Quintêssencia. Da Lua para baixo as coisas seriam compostas dos quatro elementos: água, terra, fogo e ar, e aqui sim poderiam haver três transformações quando os elementos estivessem fora de seus lugares naturais. Era assim que Aristóteles explicava a gravidade, segundo ele, uma pedra cai do céu para a terra porque o seu lugar é no chão; Aristóteles também concluiu que quanto mais pesado um objeto fosse, mais rápido ele cairia no solo. Essa primeira explicação incorreta de Aristóteles sobre gravidade sobreviveu por 1.800 anos, e só foi questionada na Renascença na Europa. As teorias de Aristóteles foram aceitas por tanto tempo, não só porque eram avançadas para a época mas também porque com o passar do tempo a Igreja construiu um poder sem precedente na história.


Durante a segunda metade do século XI a Europa era palco de um grande conflito religioso entre protestantes e a igreja católica que se sentia ameaçada, nisto o Vaticano não via com bons olhos idéias contestadoras. Ao mesmo tempo, alguns pensadores começaram a questionar o modelo aristotélico, onde a Terra era o centro do Universo. O primeiro destes pensadores foi Nicolau Copérnico, nascido na Polônia. 100 anos antes da invenção do telescópio, Copérnico teve a coragem de afirmar que não o Sol que girava em torno da Terra, mas o contrário, que a Terra girava em torno do Sol.


Aqueles que teimavam em contestar a igreja católica acabavam na fogueira. Na praça chamada Campo de Fiora, morreu Giordano Bruno que defendia a idéia de Copérnico.


Mais cauteloso, mas não menos questionador foi Galileu Galilei . Quem já não ouviu falar de Galileu Galilei? O grande sábio, gênio turbulento, matemático, físico, astrônomo, observador e pensador, lutador derrotado e vitorioso, promovendo a Ciência e sucumbido à erros, admirado e louvado, criticado e acusado, elevado aos fastígios da glória e humilhado como réu e criminoso. Como sua vida está cheia de estranhos e contrastes contradições. Seus admiradores o exaltam, seus adversário o condenam. Boa e má fé se mistura. O que devemos pensar deste homem enigmático?


(Cena 1) Galileu Galilei nasceu no ano de 1564 em Pisa, na Itália. Muitos o consideram como o fundador da Física moderna, por ter ensinado a procurar as leis da natureza não por argumentos abstratos, mas pela observação dos fenômenos e pelo uso da experiência.

Aos 19 anos, na cátedra de Pisa, ele observava os balanços de um lampadário pendurado na abóbada e notou a duração igual das oscilações. Por repetidas experiências descobriu as leis do pêndulo.


(Galileu)- Utilizei meu próprio pulso como medida de tempo,verifiquei que a freqüência das idas e voltas eram constantes. Mas... E se for um engano? É melhor verificar!


Confirmou as suas conclusões mais tarde. Construindo o seu próprio pêndulo.


O percurso das balas de canhão também foi estudado por Galileu.


(Galileu)- A curva descrita pelas balas de canhão é um arco de parábola, e os corpos caem em movimento uniformemente acelerado.

Torre de Pisa, foi lá que “Ver para Crer” se tornou mais importante do que “Crer para Ver”. Galileu subiu na torre para fazer uma experiência em público. Com dois corpos esféricos de massas e volumes diferentes. Um dos corpos era uma bola de canhão e outra de mosquete.


(Simplício 1)- Mas o que está acontecendo?


(Simplício 2)-
O que ele quer fazer agora?


(Simplício 3)- Qual é o problema Galileu? Aconteceu algo?


(Galileu)- Eu apenas gostaria de convocar todos os acadêmicos para observar a minha experiência sobre a aceleração de queda dos corpos e provar finalmente que Aristóteles está errado.


(Simplício 2)- Desça já daí! Você não sabe o que está falando seu herege!



Com argumentos práticos Galileu destruiu os conceitos do velho filósofo grego. Nestas experiências, Galileu estabeleceu os princípios fundamentais da mecânica. 


1. O período de um pêndulo não depende de sua massa, mas sim do comprimento do braço do pêndulo.


2. Se desconsiderarmos o atrito, o movimento do pêndulo será constante e ele nunca irá parar.


3. Independente da massa e o volume de um corpo, ele sempre cairá com uma aceleração consante.






(Cena 2) Galileu também foi inventor. O termômetro e a luneta refratora foram suas criações.


Já fazia um tempo que Galileu estava intrigado com uma invenção de grande potencial militar, o telescópio. Galileu havia tido uma idéia tão simples quanto genial: Apontar pela primeira vez na história, um telescópio para o céu.


O que ele viu foi um cosmo muito diferente daquele de Aristóteles. A lua e suas crateras, o planeta Júpiter e suas luas e os anéis de Saturno por exemplo. Um cosmo que tinha muito mais a ver com o modelo de Copérnico, com o Sol no centro e a Terra girando em sua volta, do que o cosmo antiquado de Aristóteles. Foi em uma destas observações que Galileu pôs se a descobrir as fases de Vênus.






(Galileu)- Eureca! A aparência de Vênus mudou como o seu diâmetro! Então... Quanto mais estreito é o bordo iluminado de Vênus maior é o seu diâmetro aparente! Quanto mais próximo de um disco menor parece. Preciso fazer estas anotações...





Galileu sabia que havia feito uma descoberta extraordinária! Que resolveu mostrá-la apenas para Kepler. “Haec immatura, a me, iam frustra, leguntur y.o” Escreveu Galileu. A frase não parecia fazer sentido nem traduzida. “Essas coisas imaturas são lidas por mim. y.o” Mas o que exatamente Galileu queria dizer? 


É que a frase é um anagrama, para assegurar prioridade sobre as suas descobertas mas evitar torná-las públicas. Rearranjando as letras e adicionando um “y” e um “o”, que não tinha conseguido incluir na frase e que por isso acrescentou no fim, Galileu poderia revelar a sua descoberta: “Cynthiae figuras aemulator Mater Amorum” isto é, “A mãe do amor (Vênus) imita as fases de Cynthiae( a Lua). Ou seja, fases como na Lua , em Vênus!






Mas, pergunta-se por que razão se deu Galileu a todo este trabalho? Porque ele tinha medo de anunciar a sua descoberta?


O problema era que Galileu estava perante a inquisição, e devido suas persistências nas descobertas acabou tendo sérios problemas com a Igreja. Foi condenado em 1633 pela inquisição e teve que passar o resto da vida em prisão domiciliar, sem descobrir e inventar mais nada






(Simplício 1)- Galileu Galilei, nascido em 15 de fevereiro de 1564, do pai Vicenzo Galilei, professor de música e a mãe desconhecida .





(Simplício 2)- Acusado de Heresia pelo Santo Ofício, e contradição dos costumes estudados pela Bíblia.






(Simplício 3)- Condenado a ser purificado na fogueira se insistir nas idéias. Caso se contrariar tudo o que foi dito e escrito por você, a sua pena será reduzida para prisão domiciliar.






(Simplício 1)- Você têm as suas últimas palavras e sua última escolha.











(Cena 3) (Galileu)- Se eu admitir todas as minhas idéias, eu vou morrer e ninguém nunca poderá conhecer as descobertas! (pausa) Eu só tenho uma opção...






(Simplício 2)- E então Galilei? Não temos o dia todo!






(Galileu)- Admito em público, que todos os fundamentos da mecânica estão incorretos, admito também que o modelo do cosmo proposto por Aristóteles é a verdade absoluta, e que a Terra é o centro do Universo e ele permanece imóvel desde então. Eppur si muove.







Galileu teve de se contradizer, mas depois de se confessar, as suas últimas palavras foram Eppur si Muove, que significa “No entanto, ainda se move” querendo admitir para si mesmo ainda a verdade.






(Simplício 3)- Perfeito! Agora vá para sua casa pagar pelo seus pecados!





Galileu preso em sua casa, escreveu alguns livros e em algumas oportunidades levou-os até o seu amigo da editora de Florença, onde pediu suplício para publicá-los depois de sua morte.






(Editor)-Galileu? O que fazes aqui? Não deveria estar em sua casa?






(Galileu) -
Sim mas eu penso que se eu não fizer isto... Minha morte será em vão. Publique todos estes livros para mim depois de minha morte!






(Editor)-
Mas que diabos de livros são estes?






(Galileu)- Este é o Mensageiro das estrelas, essa é a História e demonstração sobre as manchas solares, este é o Discurso e demonstrações matemáticas acerca de duas novas Ciências, , e o último, o mais cauteloso mas indispensável é este: O
 Ensaiador. Não seja apenas meu amigo, seja amigo de uma revolução científica. Adeus.





E ficou nas mãos deste Editor todo o trabalho de Galieu, que no final foi publicado como pedido. Galileu morreu em 8 de janeiro de 1642, foi um grande pensador e filósofo, uma de suas frases mais famosas é


“Eu não me sinto bem em acreditar que o mesmo Deus que nos deu a razão e a inteligência, esqueceu do uso destes dons”






Portanto, não pode-se dizer que ele foi religioso, pois também foi 85 anos depois de sua morte que Galileu foi enterrado como cristão, na igreja Santa Corte junto com Maquiavel, Dante e outros grandes nomes italianos.


No final, sua obra se espalhou pela Europa, acelerando a revolução científica que deixou Aristóteles para trás. A Igreja Católica só retratou-se em 1992 quando o papa João Paulo II lamentou o tratamento dispensado ao grande astrônomo italiano.






Galileu não foi o inventor do telescópio, mas foi o primeiro a ter a idéia de apontar um para o céu, e o que ele viu mudou para sempre a nossa concepção acerca do Universo.






      FIM





A banda Haggard lançou em 2004 um CD em homenagem ao Galileu Galilei chamado Eppur si muove, onde com músicas eruditas, folk e death metal tratam de descrever a jornada do observador, partindo das teorias até o momento da inquisição de Galilei


Haggard

O Observador

"Não me sinto obrigado a acreditar
que o mesmo Deus que nos dotou com
razão e intelecto,
pretenda que não os utilizemos."


Todas as estrelas
Guiarão-nos em nosso caminho
O Sextante como o líder
Tem duração para todos os dias


Olhe para os extraordinários céus
Em longas e profundas descobertas
Com uma mente forte e clara ele está encriptando
Mais segredos da astronomia


Em noites inacabáveis
Ele observa os céus completamente
Suas publicações mudarão o mundo

Galileu Galilei

Somente no que meus olhos irão ver, eu acreditarei!
Dia e noite - separados pela luz

Em Pisa ele foi chamado
Para ensinar a teoria
De que as estrelas e os planetas
Giram em torno da terra
Mas ele acreditava
Em uma verdade diferente
A do heliocentrismo
Proposta por Copérnico
Uma nova era começou

Olhe para os extraordinários céus
Em longas e profundas descobertas
Com uma mente forte e clara ele está encriptando
Mais segredos da atrosnomia

O sol roubado
Faz o medo deles crescer
O homem sacrificará
A lua é a razão porque

Em noites inacabáveis
Ele observa os céus completamente
Suas publicações mudarão o mundo

E todos os servos da cruz - eles irão negar
Irão contradizer a luz das estrelas

Em Pisa ele foi chamado
Para ensinar a teoria
De que as estrelas e os planetas
Giram em torno da terra
Mas ele acreditava
Em uma verdade diferente
A do heliocentrismo
Proposta por Copérnico
Uma nova era começou

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Um breve discurso sobre o voto consciente

                  O Brasil é ainda muito jovem em questões políticas, porque foi só em 1985 que o voto se tornou universal. Isto faz com que as pessoas ainda estejam se habituando a votar conscientemente, e deve-se ao analfabetismo político o voto irresponsável.
                  É necessário portanto portanto educar as pessoas a entenderem os cargos políticos, partidos, propostas dos candidatos e como são votadas as leis por exemplo. A escola neste caso seria um veículo de propagação do conhecimento político, ou seja, o ensino deve-se voltar mais a politizar os jovens-sem juízo de valor.
                  Os meios de comunicação também possuem suas responsabilidades na formação da opinião dos indivíduos. E o que geralmente apresentam são paródias ou sátiras sobre o governo-o que de nada acrescenta na crítica das pessoas. Então o ideal seria ocupar parte do horário político para explicar a própria política e assim informar os cidadãos que podem naturalmente se conscientizar da importância do voto.
                 Portanto a educação e a transformação social do Brasil estão intimamente ligados. Onde somente as pessoas que se preocuparem em conhecer a real importância da política poderão fazer essa transformação.



Típico acidente político quando não se tem um voto consciente

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

O mal banal?

Certa vez escutei de uma amiga, "Quanto mais vivo com as pessoas, mais gosto dos animais". E lembrei deste texto que havia escrito.
O ser em questão não é a identidade do homem, mas a forma sutil de transformar-la. O texto se trata do indivíduo comum que pode mudar seu ambiente significadamente, apenas com o seu eu.


Banalidade do Mal

Introdução
Este trabalho visa apresentar a descrição de Hannah Arendt  para julgar Adolf Einchmann em seu livro Eichmann in Jerusalém : A Report on the Banality of Evil - 1961
Hannah Arendt  nasceu em 1906 e foi filha de uma família judia intelectualizada. As suas obras têm como característica incentivar o debate entre filosofia e política e discutir a questão do totalitarismo (The Origins of Totalitarianism) as torturas no passado e o regime político maniqueísta (Nazista, por exemplo).
A identidade de Eichmann mostrou o conceito de um novo carrasco, é o que chamaremos de banalidade do mal.


        I.            Quem foi Adolf Eichmann?
Foi um político e importante cabo da SS na Alemanha Nazi e foi responsável por mandar milhões de judeus para o campo de extermínio, o que faz dele uma figura em destaque durante o Holocausto. Foi julgado em Israel onde foi condenado por todas as acusações e enforcado no dia 1 de Junho de 1962.


      II.            Estamos enganados sobre a maldade

A garantia de que existem pessoas boas é a perspectiva de que o mal se caracteriza como um autoritário, maligno e traiçoeiro. De fato a origem do mal é um tema mais convocado no estudo não só do grupo da psique, mas também da filosofia como foi o caso de Kant que percebeu que o mal não se origina nos instintos ou na natureza, mas sim na racionalidade do homem que também o torna livre, desta forma o mal não seria ontológico seria na verdade reduzido ao que o homem é. Este é chamado de mal radical. E foi assim que Arendt retoma a esse conceito acrescentando-lhe a idéia política de seu tempo, o radical agora era um pensamento totalmente novo sobre o que era o mal.



    III.            No julgamento de Eichmann

Foi após ser chamada pela revista americana para fazer a cobertura do julgamento de Adolf, Hannah confirmou sua tese sobre a Banalidade do Mal.

Banalidade = No sentido proposto aqui seria “Aquilo que é comum a todos”, ou “Insignificante”

Arendt fica surpresa com a forma de Eichmann falar de suas atividades quando funcionário Nazi, de forma banal, ou seja, comum e normal; daquilo que seria feito somente por uma moral da obrigação, um dever a ser cumprido.
Eichmann também era um bom pai de família, não possuía nenhum ódio pessoal ao povo judeu e poderia ser classificado como um cidadão normal. No entanto matou centenas de judeus em campos de concentração.
Eichmann também não era um patriota alemão e nem pensava na figura de Hitler como um verdadeiro líder, pode-se pensar a partir daí que estamos diante de um mal diferente de tudo aquilo que estamos acostumados a pensar-foi assim que Arendt criou o conceito Banalidade do Mal.

A explicação mais que viável de Hannah é de que não existe uma origem para esse mal, podemos entendê-lo simplesmente como conseqüência de uma sociedade massificada, economicamente e socialmente grande, fazendo com que o indivíduo se sentida “escondido” dentro dela; sem poder, solitários e submissos, tornando-se verdadeiros burocratas ou até máquinas que personificam a característica de não pensar nas conseqüências das ordens de seus líderes. Era assim que Eichmann era um lobo solitário que era incapacitado de dizer “não, eu não posso fazer isso”. Era um praticante do mal banal.


    IV.            Eles foram culpados?

Diante deste conceito, não é possível pensar em crime consciente dos julgados- logo porque mesmo a Hannah disse, eles não sabiam nem da culpa. Então estão eles livres de seus atos? Seria irresponsabilidade pensar desta forma, contudo é preciso pensar em ética, porque se não vamos todos nos julgar “incapacitados de pensar” e os direitos humanos seriam desprezíveis. Sim, existe um juízo de valor de cada sociedade sobre os limites da maldade, mas também existe um limite natural (entende-se como autodestruição) sobre os próprios seres humanos.

Conclusão

A sociedade contemporânea encontra-se diante deste mal banal, isso porque é um tipo de mal que não chama atenção, portanto mais sustentável. A cura para essas pessoas que não pensam é necessariamente o fim que Eichmann teve? Penso que não... Mas fiquemos cientes dos lobos solitários que podem nos cercar, e o mal que eles podem causar é impreterivelmente igual ao de qualquer um.


quinta-feira, 15 de julho de 2010

Como conciliar justiça e liberdade segundo Platão

Depois de alguns meses ausente, vou retomar com os textos. Esse aqui é um resumo-um pouco antigo por sinal , de como seria a cidade ideal para o Platão. Foi resultado de uma aula de Filosofia do ano passado, embora eu o tenha guardado pois gosto muito da forma que o Platão vê a política e educação.

Para Platão, só era possível conciliar a justiça com liberdade quando se controla a alma¹ levando a razão em caminho da prudência. Quando a prudência era trabalhada, o ser humano se relacionava com as situações como um todo, era importante avaliar casos e utilizar a dúvida anteriormente.
Como a cidade justa era formada por indivíduos juntos, e o indivíduo vivia em função da alma, essa alma deveria ser justa. A alma era formada pela cólera, apetites e desejos(orgãos, como era chamado por Platão), porém essas deviam ser avaliadas com prudência, ou seja, deviam ser dominadas pela razão.
Se for assim, os desejos passam a se tornar moderação, a cólera passa a se tornar coragem e honra e a razão em prudência.-e esta pode responder a grande pergunta de Platão, justiça conciliada com liberdade.
Um tirano por exemplo, confunde suas vontades próprias com as leis para um grupo, portanto fazem suas leis conforme seus desejos, deixando assim de ser livre e passando a se tornar escravo de suas próprias vontades, para se tornar uma pessoa livre e dentro da justiça, é necessário ter um domínio de si em relação aos seus desejos.
A cidade ideal para Platão funcionava como uma hierarquia, onde o desejo passasse a ser equilíbrio, a cólera se tornasse em harmonia e por fim a razão dominasse .
A conclusão feita por Platão é de que seria impossível uma cidade ser justa-se os indivíduos valorizam a cólera e a os apetites, se não houver domínio de si mesmo. Com o desequílibrio dos desejos não há liberdade( se não for avaliada pela razão). A justiça só se concilia com a liberdade quando se sabe ser prudente com os seus orgãos, ou seja, quando eles funcionam como uma hierarquia. 

¹ A alma para os gregos era aquilo que constituia as faculdades de pensamento.

                                                                                                                        Beatriz Rocha

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Machismo

Essa dissertação também foi para a aula de filosofia. O detalhe é que ela está incompleta e sem bibliografia, logo porque não encontrei o arquivo em que finalizo a redação. Mas enfim, Boa Leitura.


HISTÓRIA DO MACHISMO
De início, machismo esta relacionado ao sistema patriarcal, muito freqüente em religiões do oriente próximo (por exemplo, no Alcorão é ensinado que o pai é o líder da família sob todos os aspectos, na Torat o machismo também esta presente, vemos ali relatado que foi primeiramente o homem que pariu a mulher, utilizando uma de suas costelas.)
Mas o machismo é de tempos mais remotos. Nunca se soube de fato sua origem, (se é que há uma) mas  partindo do pré- suposto que machismo é conseqüência de épocas variáveis, no Egito Antigo 70 A.C, estava no poder a egípcia Cleópatra, mas muito antes disto, no Neolítico o trabalho era dividido entre homens e mulheres. Os homens cuidam da segurança, caça e pesca, enquanto as mulheres plantam, colhem e educam os filhos, mas curiosamente neste mesmo período, arqueólogos registram uma religião a ser cultuada sobre uma mulher. Foram descobertas no abrigo de rochas Cro-Magnon em Les Eyzies a adoração de estatuetas femininas. A cultura greco-romana também destaca o machismo(checar perído), muitos filósofos como Aristóteles levava em consideração que a mulher era somente um homem mal formado, e que as características de um filho se baseava no pai pelo fato do sêmen vir deste, e não da mulher.
 Privadas dos estudos, conhecimento, poder em geral, a mulher que antes não refletia sobre esse cenário, depois de longos anos, na década de 90, uniões feministas unifiram-se em busca de reinvidicação dos direitos da mulher tanto no ambiente sócio-familiar quanto no mercado de trabalho.
Erroneamente,os adeptos do patriarcalismo acham que as feministas querem inverter as coisas e dominar sobre os homens. Mesmo porque, sair de um extremo e ir para outro oposto, não é dar solução; na verdade é mudar de problema.





AGRESSÕES FÍSICAS E PSICOLÓGICAS

Começar com o dilema de que toda agressão  não só traz dor física como também emocional, explica parte do sofrimento vivido entre mulheres.
Também é importante enfatizar que a mulher não deve ser vista somente como uma “vítima” da agressão, na verdade em uma relação com o agressor, sentimentos de traumas, desejos de construção do lar familiar, fazem a vítima virar facilmente uma “cúmplice” do crime.
Mulheres que fazem denúncia a delegacia, logo depois, retiram a queixa. Ou há aquelas também que fogem para uma casa de abrigo, e algum tempo depois voltam ao seu lar com o agressor.
Levamos em consideração que quando a agressão psicológica domina a física, a situação do sofrimento da vítima se torna cíclica, tais críticas como: “Você precisa cozinhar”,  “Nosso filho está assim por sua culpa”, “Trabalhar o que?... Vai lavar louça!” discretamente se tornam agressões mais densas, e repressivas.
Considera-se a dependência econômica da mulher fator muito responsável por esse medo de denunciar. Em parte, um agressor vai se revelando aos poucos, e se a vítima foi levando na maré, ela se tornou mais cúmplice do que agredida. Essa posição de passividade pode vir a ter sérias conseqüências tanto na mulher quanto aos filhos que assistem a rotina.
Tipicamente, essa violência domiciliar é encarada por muitos como uma manifestação masculina para “resolução dos conflitos”. O que na verdade começa na infância passou a ser direito para atos violentos, o menino cresce tendendo a reprimir formas de emoção como afeto, amizade, amor e estimulado a exprimir outros como agressividade, raiva etc.                   Há estudos na genética que tentam explicar tais capacidades extremas de brutalidade e sadismo mas o costume é tão normalmente aceito que se torna alvo de estudos científicos.




Machismo Oculto/Evidente

Ao oculto não me refiro à maneira de nascer machista, mas sim as formas de manifestações do machismo. (até porque essa é uma idéia que Milton Maciel talvez tentou usar para amenizar o machismo e retirar a culpa do homem em sua obra A Bela morde a Fera.)
Muito se relaciona a desigualdade de classes com o tipo de agressão do patriarcal, o que de fato não é mentira e também não é totalmente verdade. O motivo desta aparente contradição tem as suas justificativas baseadas principalmente na educação. Muitas vezes, Meninas são condicionadas por mães inconscientemente machistas; são dominadas por pais e irmãos ostensivamente machistas e, embora manifestem toda a frustração e revolta que sentem por causa disso, acabam por se conformar ao mesmo velho jogo. Mas não estou excluindo a agressão das classes altas que muitas vezes acabam realmente em morte. O que na verdade estou envolvendo é a questão do Machismo Oculto/Evidente. É muito comum observar mulheres de classes baixas serem inferiorizadas por maridos e também por outras mulheres de classes altas. O que de fato nada muda, pois ambas podem estar passando pelo mesmo conflito, com um único diferencial: uma apresenta a agressão machista evidente, e a outra oculta.
Isso é de muita importância, pois a proliferação do machismo adquire diversos meios. Uma mulher mais humilde apresentaria seu preconceito por se submeter a cuidar da casa e dos filhos, já a mulher mais rica sempre estaria querendo ficar cada dia mais estética e esbelta para seu marido, e não para ela mesma.
E  como responder à uma pergunta sobre mulheres machistas? É com os mecanismos influenciadores que vamos entender...



Ironia da Mulher Machista: a influência da mídia, escola, família e comunidades
A mídia em geral é muito colada ao poder  Executivo, Legislativo e Judiciário e há ainda, um forte desequilíbrio sobre a visão da mídia/mulher e mídia/homem. Alem dos diversos estereótipos para beleza, a mídia quase te pressiona a ser como eles querem. Fazendo a mulher se inferiorizar perante diversas modelos propostas na televisão. Desta maneira subitamente o machismo é novamente convocado.
Ou quando programas típicos nas tardes de Domingo, usam mulheres sorridentes dançando para o programa talvez se tornar um pouco excitante. Mas o que na verdade é passado embaixo de panos é a imagem da mulher somente como beleza, e nada como intelecto.
Frases que escapam das apresentadoras como: “ Então mulheres, nossas cozinhas...”  “Ah, os homens  não entendem nada de SPA”  são comuns e aceitas facilmente tanto pelo público masculino, como feminino.
Falta de sensualidade na mulher se tornou alvo de ridicularização, e muito intelecto, de idiotice e status anti-social. Mulheres machistas adotam isto com muita tranqüilidade  e conforto, até porque se intelectualizar “soa” mais que uma academia.
                                                                                        Beatriz Rocha Rodrigues;

O Falso conceito de democracia para o mundo dos pseudo-justos

Esse é um texto que fiz para a aula de Filosofia. O tema é sobre Homofobia, e engloba a lei que torna crime a mesma. Boa leitura


Dizem que, pessoas nascem ,crescem, vivem com seus direitos e deveres e por fim desvanecem. O que não é falso, porém, em algumas etapas. É o caso dos direitos, onde no tempo se tornou esquecido e o que é pior, negado.
Na luta contra o preconceito ou a xenofobia, estão determinadas pessoas que tem os seus direitos de cidadãos ignorados e diariamente são alvos de agressões verbais, físicas e irônicas, vindas de uma sociedade que clamou por anos a liberdade dos negros, os direitos dos judeus e o espaço do movimento feminista, e que agora, oprimi uma identidade de gênero. É o que ocorre com os Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais. (LGBT) 1
O termo homofobia foi empregado nos anos 70 pela psicologia, resultado de pessoas com problema da identificação grupal, isto é, são aquelas que não se conformam com a diferença de credo, cultura, fatores biológicos etc. 2 Existem também aquelas que são machistas, que levam suas vidas no reducionismo entre macho e fêmea.
Pode se perceber então, que a partir disto, a homofobia é um problema totalmente cultural, de fundamentalismo e tradição. Pois é comum ouvir justificativas como: “A natureza do sexo”, ou “As mudanças nos padrões sociais”. Equívocos de uma sociedade conservadora e mal informada. Porque sejam por motivos genéticos, psicológicos ou culturais, a orientação sexual de algum indivíduo não pode ser tratada como um risco biológico ou ameaça dos “bons costumes”. Isso é quase um ataque hitleriano disfarçado.
E isso mostra o que é a ditadura heterossexual3. Pessoas que ao se depararem com desejos homossexuais que procuram a igreja, remédios ou até uma vida dupla - gerando um conflito interior nesta pessoa. É por esta razão que o termo orientação sexual é mais apropriado do que opção sexual, pois o indivíduo não escolhe/opta por quem ele se atrai isso simplesmente acontece. ³
Então, se existem mais indivíduos heterossexuais significa que os homossexuais são minoria e há razões para excluí-los?
É como dizer que Democracia é a vontade da maioria. E se fosse, Hitler seria o maior democrata da história.


E é diante deste quadro preocupante, que existe um projeto para combater a discriminação e construir uma sociedade mais justa. O chamado PLC 122 (Projeto de Lei da Câmara). Este busca transformar em crime a homofobia, sob pena de multa, reclusão e suspensão do funcionamento do local da agressão, e também considerar crime proibir a expressão/manifestação de afetividade de cidadãos LGBT. ¹ Este projeto precisa ser votado no Senado Federal para somente depois entrar em prática. Mas após ser aceito, teremos uma digna definição de democracia? Considerando que a característica laica de um país funcione e que como o direito de ser homossexual exista também exista o direito de ser heterossexual- digo que não inverta a situação-e que morais religiosas não declare sua ideologia como universal em meios públicos (televisão, rádio etc.). Então sim, democracia deixaria de ser a vontade da maioria, e passaria a ser a liberdade do indivíduo de se orientar como pensa, até que este respeite a liberdade de outro indivíduo da mesma.
• A orientação sexual não-heterossexual foi removida da lista de doenças mentais nos EUA em 1973; e do CID 10 (Classificação Internacional de Doenças) editado pelo OMS Organização Mundial da Saúde, só em 1993. ³
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Referências bibliográficas
¹ (www.naohomofobia.com.br)
² (www.infoescola.com/psicologia/homofobia/)
³ (www.tiosam.com/?q=Gay)

O Por quê da censura?